Um soco no estômago, um tapa na cara, ou
qualquer adjetivo que descreva o quão mal pode deixar uma pessoa drama musical
do polêmico Lars Von Terrier coroa
dinamarquês que, de tão grande drama em cima de questões do existir em muitos de seus filmes, chega a
ser sarcástico por nos fazer pensar SEMPRE de forma profunda e enlouquecedora quando
acaba a sessão, codificando em suas entrelinhas algo do tipo: "se mate", lançado em 2000, Dancer in the Dark conta a
história de uma mãe solteira portadora de uma doença hereditária na visão que tenta
impedir que seu filho fique cego como ela está ficando. Tendo isso em vista,
como cerne de sua felicidade e resolução da sua decisão de tê-lo mesmo sabendo
que ele teria a mesma doença, ela trabalha o máximo que pode para economizar e
pagar sua operação. Só que quando um vizinho amigo passa por problemas
financeiros e a rouba, têm-se início uma série de trágicos acontecimentos que
mudarão para sempre os rumos de sua vida. Daí, conhecendo Terrier, você já tira
a duração do filme e o desenrolar com “n” pontos e conflitos psicológicos. Este é mais um de seus filmes
com estilo cinematográfico de câmera de mão (amo!) que intriga a quem vê e traz
à tona questões existenciais despontando os dois lados da moeda de um só homem
e das várias facetas da vida. E seus finais, é claro, de impacto. Neste, 107 passos para tirar o ar.
Fiquei remexida. O longa me deixou
cabisbaixa, abatida, mofina, emputecida. Refletindo, não sai da cabeça o quanto
o ser humano é medíocre, banal e extremamente superestimado (coisas que a
maioria de nós sabemos, até, mas tapamos os olhos – metáfora da cegueira no filme
- para não enlouquecer e ver além do que já se viu, porque não faz diferença enxergar mais). E aí vem
Terrier, como de costume, te trazer de volta ao paredão das questões reais da
vida e falar: não há como fugir.
Bjork eu te amo , além de cantar, compôs as músicas, e sua atuação
antológica me arrebatou. Ver sua personagem sorrindo nos momentos mais tensos e
melancólicos, junto à sua amargura angustiante, quando não tinha mais forças
para sorrir, fizeram meus olhos ameaçarem lágrimas mas não me intimidei, mantive-me
forte, até a última cena e...é, despenquei enxurrada. A personagem com seu jeito simples, de se
alegrar com tudo, mesmo passando por situações horríveis, sua busca por sons
que motivassem seu existir, se libertando em um mundo paralelo (a perfeição do real para si, mas não de modo inatingível) de realização com dança e música, fazendo que as coisas
boas triunfassem... foi magnífico e transformador!
"Dizem que é a última canção,
Eles não nos conhecem; você vê.
É apenas a última canção
Se deixarmos que seja."
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